Maika acorda, deitado em uma cama de palha no chão do que parece ser um templo, escuro e sujo.
Olha ao redor, e após um tempo vê uma estátua do deus Hanú, o desprezado Deus da Peste e da Vingança. As outras estatuas são de deuses que ele não conhece.
Olha para o outro lado e nota uma menina de cabelos revoltos lhe encarando.
Ante o gesto do jovem, a menina corre, aos gritos em uma lingua estranha.
Maika tenta se levantar, mas a vertigem e a dor não lhe permitem.
Com ,muito esforço, ele consegue caminhar ao redor.
Um mapa, desenhado em um couro duro e enegrecido, chama sua atenção. Aparentemente é o mapa do local onde se encontra.
O mapa mostra o território totalmente cercado por árvores, desenhadas surpreendentemente parecidas com as que se recorda.
A Chegada das Irmãs da Vingança
Súbito, uma procissão silenciosa adentra o estranho templo. 5 mulheres em vestes cerimoniais e mascaras. Vão diretamente a ele.
Elas falam com ele, novamente em um idioma que ele não entende.
A menina de cabelos desgranhados retorna. Ela é capaz de falar, com certa difculdade, a lingua de Maika.
"Elas estão dizendo que você irá fazer algo por elas. E que estavam esperando por você"
Os dias passam devagar
Depois daquelas poucas palavras no templo, muitos dias se passam.
Maika ainda está enfraquecido, e as portas do templo foram fechadas, impedindo-o de sair por todos esses dias.
3 vezes ao dia lhe trazem comida, e a velha desdentada vem tratar suas feridas, que estão cicatrizando em um ritmo impressionante.
Na noite do terceiro dia, a velha falou:
" Você terá que pegar algo para nós. Algo que queremos há muito tempo."
"E onde eu posso encontrar isso?", perguntou Maika.
"Nas terras do Sul , nos Territórios Abandonados", respondeu a velha.
"Não há terras abandonados ao Sul, mulher. Eu venho de lá"
"Você não se lembra, certo?" pergunta a velha, com um sorriso amargo.
"Me lembrar do que?" fala Maika, curioso.
"Não importa, lembrando ou não , você precisa ir até lá, buscar o que precisamos"
"E que objeto é esse que vocês precisam tanto?"
"Não é um objeto. Precisamos que você traga um Andarilho para nós. Vivo. Você deve ir até esse Obelisco" disse ela, apontando para um ponto nas Terras do Sul.
"Esse Mapa... está errado", corrige Maika, vendo varias informações que não coincidiam com a realidade.
"Talvez estivesse errado, em outros tempos...agora esta correto. E você precisa ir"
"Mas mesmo que eu vá, preciso passar pelo circulo de árvores. Como farei isso"
"Isso é um problema todo seu", retrucou a velha, deixando o local....
Continua...
sábado, 18 de janeiro de 2020
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Pela Honra dos que se foram - Parte 4
Maika Hacunan contemplou o deserto.
Não havia desertos ao norte, nunca houvera, todos sabiam disso.
Contudo, lá estava o deserto, cinza, sombrio e agurento.
Maika adentra, sabendo que o único caminho possível é adiante, para a verdade, ou para a morte. O que viesse primeiro.
O Deserto e as Pedras
Logo a areia dá lugar a pedras, no solo e em grandes estruturas ao redor, como se fosse um labirinto que tivesse sucumbido à ação do tempo. Escritos em uma caligrafia sinistra mostravam símbolos desconhecidos e incômodos, desgastados e colocados de forma quase aleatória.
O único simbolo conhecido é o de sua vila, o único escrito com sangue.
Não há sinais que lhe indicassem um caminho, um rumo, e Maika vê-se cada vez mais perdido.
Foi quando avistou aquelas árvores negras e ressequidas. Muitas, uma grande floresta de árvores mortas.
A principio , Maika pensou que eram seu olhos a lhe trair.
Mas infelizmente não eram ilusões; as árvores estranhamente estavam se aproximando, como se deslizassem sinistramente e silenciosamente pela areia, em uma dança antinatural.
Uma ajuda inesperada
Um grito rouco a suas costas. Maika olha para trás, e vê então os homens mascarados, com suas roupas cinzas.
Eles passam por Maica como se ele não estivesse por lá.
Machados, espadas e flechas empunhadas, em um numero bem maior do que ele havia visto em sua vila.
Maica não pensa duas vezes: saca a espada e parte para duelo, sem saber com quem lutava, e nem por que. Algo dentro dele gritava simplesmente: "lute". E ele lutou.
Foi tudo como um lampejo: os homens mascarados tombando um a um; o sangue sendo sugado pelas pedras escuras e areia cinza.
E as ávores ao redor, e uma dor, a dor da morte.
Maika sabia que estava morrendo.
Vislumbrou uma luz, pálida, como um túnel, e lá no fim, cores de sua vila, e todos ali estavam. Sua família.
Ele sabia que era a morte, e a desejou.
Mas sentiu dedos frios lhe puxarem de volta, e sentiu-se caindo por muito, muito tempo, em uma imensidão escura.
Rejeitado pela morte, ele acorda, cuspindo sangue.
Ele tenta abrir os olhos, mas mesmo a claridade cinza do dia fere seus olhos. Ele vê casas, e pessoas, casas velhas e pessoas de roupas rotas, olhares vazios.
É uma vila, mas ainda é o deserto.
A mente de Maika se enche de perguntas:
Onde ele estava?
Quem eram aquelas pessoas?
No fim da luz ele viu sua família...eles estavam mortos?
Por que ele estava vivo?
Por que ele havia sido rejeitado pela morte?
E foi com esses pensamentos que uma velha desdentada se aproxima, e tudo vira escuridão novamente.
Continua....
Não havia desertos ao norte, nunca houvera, todos sabiam disso.
Contudo, lá estava o deserto, cinza, sombrio e agurento.
Maika adentra, sabendo que o único caminho possível é adiante, para a verdade, ou para a morte. O que viesse primeiro.
O Deserto e as Pedras
Logo a areia dá lugar a pedras, no solo e em grandes estruturas ao redor, como se fosse um labirinto que tivesse sucumbido à ação do tempo. Escritos em uma caligrafia sinistra mostravam símbolos desconhecidos e incômodos, desgastados e colocados de forma quase aleatória.
O único simbolo conhecido é o de sua vila, o único escrito com sangue.
Não há sinais que lhe indicassem um caminho, um rumo, e Maika vê-se cada vez mais perdido.
Foi quando avistou aquelas árvores negras e ressequidas. Muitas, uma grande floresta de árvores mortas.
A principio , Maika pensou que eram seu olhos a lhe trair.
Mas infelizmente não eram ilusões; as árvores estranhamente estavam se aproximando, como se deslizassem sinistramente e silenciosamente pela areia, em uma dança antinatural.
Uma ajuda inesperada
Um grito rouco a suas costas. Maika olha para trás, e vê então os homens mascarados, com suas roupas cinzas.
Eles passam por Maica como se ele não estivesse por lá.
Machados, espadas e flechas empunhadas, em um numero bem maior do que ele havia visto em sua vila.
Maica não pensa duas vezes: saca a espada e parte para duelo, sem saber com quem lutava, e nem por que. Algo dentro dele gritava simplesmente: "lute". E ele lutou.
Foi tudo como um lampejo: os homens mascarados tombando um a um; o sangue sendo sugado pelas pedras escuras e areia cinza.
E as ávores ao redor, e uma dor, a dor da morte.
Maika sabia que estava morrendo.
Vislumbrou uma luz, pálida, como um túnel, e lá no fim, cores de sua vila, e todos ali estavam. Sua família.
Ele sabia que era a morte, e a desejou.
Mas sentiu dedos frios lhe puxarem de volta, e sentiu-se caindo por muito, muito tempo, em uma imensidão escura.
Rejeitado pela morte, ele acorda, cuspindo sangue.
Ele tenta abrir os olhos, mas mesmo a claridade cinza do dia fere seus olhos. Ele vê casas, e pessoas, casas velhas e pessoas de roupas rotas, olhares vazios.
É uma vila, mas ainda é o deserto.
A mente de Maika se enche de perguntas:
Onde ele estava?
Quem eram aquelas pessoas?
No fim da luz ele viu sua família...eles estavam mortos?
Por que ele estava vivo?
Por que ele havia sido rejeitado pela morte?
E foi com esses pensamentos que uma velha desdentada se aproxima, e tudo vira escuridão novamente.
Continua....
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