quinta-feira, 30 de abril de 2020

Pela Honra dos que se Foram - Parte 7

Maika e Tabatha caminhavam, silenciosos, pelo deserto.


Haviam desenvolvido um laço silencioso, adotando-se mutuamente como irmãos.
Maika não parava de pensar no quão fisicamente Tabatha era parecida com sua irmã. Parecida até demais.
Algo não estava correto nessa extrema semelhança, mas ele não conseguia sequer intuir o que seria.

Caminhavam pela estradas das Pedras Cinzas, que as Irmãs da Vingança lhe mostraram, dizendo que era o único caminho onde as árvores malditas não seriam um obstáculo.

"Haverá algo muito pior, forasteiro" haviam lhe dito (ou ao menos foi o que Tabatha traduzira)

"Você nunca será bem vindo por nós. E para termos certeza, enviaremos nossa Sombra atrás de você. Existem coisas piores que a morte"

Desde que partiram -elas não se opuseram quando Tabatha decidiu partir juntamente - Maika observara uma sombra a distancia, com o canto dos olhos, nos momentos em que se distraia. Ao se virar, nunca via nada além das pedras e das Dunas.
MAs sabia que algo os seguia,
algo não humano.


***


Maika se agachou contemplando os estranhos desenhos na terra seca e rocha. Ele se lembrava de ter visto algo assim, mas não sabia aonde.
E sabia que isso era importante.
Teve uma rápida lembrança de uma casa no meio de um deserto.
Sabia ser uma ilusão.
Nunca existiria desertos no mundo.
Não antes disso.


***

Levantou-se de sua contemplação, e percebeu que estava só.
Tabatha sumira.
Rastros de pegadas seguiam até um conjunto de rochas pontiagudas.
Sangue
e pedaços de tecido
das mesmas cores das vestes da menina



***


Um assobio sinistro e não identificável começou a se ouvir, e não parou por 10 minutos ininterruptos.
Foi quando ele viu uma Runa da Água, algo que ele só havia ouvido falar, a muito tempo.

Pegou seu cantil e derramou o conteúdo - a preciosa água que precisaria para atravessar o deserto - entre os sulcos nas rochas, que penetravam nas inscrições, formando um desenho geométrico e emaranhado.
Novamente Maika pensou no casebre no meio do deserto.


***

Foi quando as rochas pontiagudas começaram a se mover pela areia.
Sem o menor ruido ou barulho, pelo contrário.
Aquele movimento lento parecia sugar o pouco que se escutava.
E um lance de escadas se revelou, conduzindo para algum lugar abaixo, escuro e sombrio.

E uma voz falou seu nome.

"Maika"

Era a voz de Tabatha....


Continua...

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Pela Honra dos que se Foram - Parte 6

No meio de uma noite fria, Maika acorda sobressaltado.



Sons estranhos se ouvem na noite.
Gritos.
Gritos enlouquecidos e silêncio.

Lá fora, pelas grades de seu retiro-prisão, no Templo de Hanú, ele vê um escuro maior que qualquer escuro que já viu.
Sons de asas, mas asas enormes , gigantescas.

As vozes das Irmãs da Vingança se escutam, em uma língua que ele não consegue entender.

De repente, um choro se nota DENTRO de onde Maika se encontra.

Ele olha de relance, e vê, encolhida em um canto, a mesma  menina que havia encontrado aqui.

"Eu estou com medo", ela diz , em um idioma que Maika é capaz de reconhecer.

"Eles estão aqui"

"Quem são eles?", pergunta Maika.

"Aqueles que nos caçam na noite. E também durante o dia", a garota sussurra.
"Somos amaldiçoados"
Todos nós"

Maika pouco entende daquelas palavras. Mas ele entende de medo. E sente o mesmo pavor que  a garota.

Sentindo uma afeição que não sentia há tempos, ele se coloca mais próximo.

"Não tenha medo. Nada vai acontecer com você"


Lá fora, além do escuro, um vento começa a soprar, a principio suave, mas que vai aumentando até se tornar um turbilhão de sons e gritos.


De repente, tudo para. Tudo.
O escuro.
Os gritos, e o vento.

O silêncio dura por um tempo descomunal.

A menina procura as mãos de Maika, em busca de apoio e conforto.

E naquele momento ele soube que o destino da menina dependeria dele. E que ele a protegeria para sempre. E , pelos antepassados, como ela era parecida com a Ayla, sua irmã, que também havia desaparecido naquela manhã fatídica.

Foi quando as portas do templo se escancaram, e as  Irmãs da Vingança entram, cobertas de um sangue negro e feridas terríveis.

"Ahgy-irman-Sulh ir!", gritam elas.

"O que elas disseram?", pergunta Maika À menina.

"Elas disseram que a culpa é sua".

Continua...

Segunda Temporada - Início (Considerações)

 É com alegria que venho anunciar que nossa Aventura, seguindo os passos de Maika Hacunan em busca de respostas. Não haverá grandes mudanças...