sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Pela Honra dos que se foram - Parte 4

Maika Hacunan contemplou o deserto.

Não havia desertos ao norte, nunca houvera, todos sabiam disso.

Contudo, lá estava o deserto, cinza, sombrio e agurento.


Maika adentra, sabendo que o único caminho possível é adiante, para a verdade, ou para a morte. O que viesse primeiro.



O Deserto e as Pedras

Logo a areia dá lugar a pedras, no solo e em grandes estruturas ao redor, como se fosse um labirinto que tivesse sucumbido à ação do tempo. Escritos em uma caligrafia sinistra mostravam símbolos desconhecidos e incômodos, desgastados e colocados de forma quase aleatória.

O único simbolo conhecido é o de sua vila, o único escrito com sangue.

Não há sinais que lhe indicassem um caminho, um rumo, e Maika vê-se cada vez mais perdido.

Foi quando avistou aquelas árvores negras e ressequidas. Muitas, uma grande floresta de árvores mortas.

A principio , Maika pensou que eram seu olhos a lhe trair.

Mas infelizmente não eram ilusões; as árvores estranhamente estavam se aproximando, como se deslizassem sinistramente e silenciosamente pela areia, em uma dança antinatural.


Uma ajuda inesperada

Um grito rouco a suas costas. Maika olha para trás, e vê então os homens mascarados, com suas roupas cinzas.
Eles passam por Maica como se ele não estivesse por lá.
Machados, espadas e flechas empunhadas, em um numero bem maior do que ele havia visto em sua vila.

Maica não pensa duas vezes: saca a espada e parte para duelo, sem saber com quem lutava, e nem por que. Algo dentro dele gritava simplesmente: "lute". E ele lutou.

Foi tudo como um lampejo: os homens mascarados tombando um a um; o sangue sendo sugado pelas pedras escuras e areia cinza.

E as ávores ao redor, e uma dor, a dor da morte.

Maika sabia que estava morrendo.

Vislumbrou uma luz, pálida, como um túnel, e lá no fim, cores de sua vila, e todos ali estavam. Sua família.
Ele sabia que era a morte, e a desejou.


Mas sentiu dedos frios lhe puxarem de volta, e sentiu-se caindo por muito, muito tempo, em uma imensidão escura.

Rejeitado pela morte, ele acorda, cuspindo sangue.

Ele tenta abrir os olhos, mas mesmo a claridade cinza do dia fere seus olhos. Ele vê casas, e pessoas, casas velhas e pessoas de roupas rotas, olhares vazios.

É uma vila, mas ainda é o deserto.

A mente de Maika se enche de perguntas:

Onde ele estava?
Quem eram aquelas pessoas?
No fim da luz ele viu sua família...eles estavam mortos?
Por que ele estava vivo?
Por que ele havia sido rejeitado pela morte?

E foi com esses pensamentos que uma velha desdentada se aproxima, e tudo vira escuridão novamente.


Continua....

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