Novamente, eles seguiam pelo deserto cinza.
Maika, e a menina de olhos negros. Thabata.
Seria ainda Thabata?
A menina ficara em silencio desde que deixaram o local subterrâneo. Parecia entender quando Maika falava, mas todo o resto era diferente, até mesmo o jeito de andar
Aos poucos, as rochas e areiam começam a dar lugar à arvores esparsas, secas e negras. Inertes, diferentes das outras.
Essas são apenas árvores, e Maika respira aliviado.
Thabata sequer respira, nota Maika.
...
Ele decide que é hora de parar. O sol está se pondo, e tudo começa a ser lentamente engolido pelas trevas.
Em meio a um tronco do que um dia foi uma arvore, ele acende uma fogueira.
A menina deita em uma posição desconfortável, e se mantém inerte, ainda de olhos abertos e sem nunca piscar.
Nunca
...
Foi no meio da noite que Maika viu , na distância, as luzes do que parecia ser uma pequena comitiva de carroças.
Intrigado ("O que diabos faria uma comitiva nessas terras?"), ele parte, não sem antes olhar para Thabata, que continuava exatamente na mesma posição torta em que deitara.
Algo, talvez apenas a curiosidade, o chamava.
...
Haviam pedras irregulares e grandes por todos os lados, e foi facil para Maika se aproximar sorrateiramente.
As luzes das tochas mostravam ser uma comitiva de muitas pessoas.
E aquelas mascaras, e aquelas roupas.
Eram as pessoas - ou ao menos o mesmo povo - do qual Maika havia fugido no fatídico dia em que seu povo desaparecera sem deixar vestigios.
Sentindo um misto de pavor com vingança com desejo de encontrar os seus, ele se aproxima ainda mais, e exatamente nessa hora, a comitiva muda repentina seu curso, dirigindo-se agora ao ponto onde Maika se encontrava.
Maika se vira, e tenta correr
Mas não consegue.
3 homens com o rosto pintado como se fossem mascaras o agarram, murmurando palavras ásperas em uma lingua gutural.
Maika não tenta resistir. Em poucos segundos, mais de 10 pessoas - homens e mulheres - o cercam.
Ele sabe que sua vida está sendo decidido ali, e por um momento, um simples segundo, ele pensa em lutar.
Mas ele sabe que morreria.
E que se isso acontecesse, nunca descobriria o destino de seu povo.
Ele deixa cair sua arma, e baixa sua guarda, em sinal de rendição.
O povo mascarado, como se tivesse acompanhado todo o processo mental do seu inimigo, relaxa suas armas, e surpreendentemente começam a indicar a Maika, com gentileza, o caminho da comitiva.
...
Maika caminha ao lado dos homens por 5 segundos
Quando acontece.
Uma sombra cruza a escuridão
(e Maika se pergunta como é possível ver uma sombra na escuridão do deserto, e quando ela passa e se vai (para onde?), lá está ela, cerca de 10 passos à frente da comitiva:
THABATA
Mas não era mais Thabata.
Era a Morte
A Escuridão
E as Sombras
Foi quando o massacre começou...
Continua